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Em junho de 2016 era anunciado, oficialmente, o fim da trajetória política do pai e início da carreira política do filho. Proibido de disputar sua quarta eleição por problemas em todas às esferas Judiciais, Manoel Dantas Cardoso, o “Neco”, anunciava Leonardo Barbosa Cardoso, o “Léo”, como seu sucessor na vida pública. Começava, ali, como todos pensavam, uma nova era na política Ganduense.

Naquele ano, com apenas 31 anos de idade, o atual prefeito entrava em sua segunda disputa, pois quatro anos antes, em 2012, “Léo de Neco” havia tentado uma vaga na Câmara de Vereadores e obteve apenas 02 votos. No mesmo ano seu pai seria derrotado pela segunda vez consecutiva.

Uma nova derrota em 2016 complicaria ainda mais o ex-prefeito Neco. Respondendo vários processos por improbidade e abalado financeiramente, Neco não tinha outra saída, senão apostar suas fichas no próprio filho, e assim o fez. De início o cenário era um tanto quanto desfavorável, mas o “bate-cabeça” entre o grupo da situação contribuiu para o renascimento da oposição na época.

Uma diferença de 248 votos sacramentou o retorno do grupo do ex-prefeito após oito anos fora do poder. Léo de Neco derrotará o atual prefeito Djalma Galvão, e, no ano seguinte, assumiria um município em pleno desenvolvimento. Jovem, considerado dinâmico e perspicaz, não precisou fazer muita força para cair nas graças da maioria da população. Seguiu o embalo do seu antecessor e conseguiu concluir uma série de grandes e importantes obras no município. Léo nadava de braçadas.

PENSOU DIFERENTE, MAS AGIU IGUAL

Voltando em 2016 e como o cenário se formou, Leonardo Cardoso ainda estava “verde” na vida pública. Morando em Brasília, acompanhava seu pai esporadicamente em atos políticos antes da eleição daquele ano. Pensava diferente da maioria do seu grupo, e chegou à confidenciar que não se interessava pela forma antiga de se fazer política, o “toma lá, da cá” e o assistencialismo que ditou às duas gestões do seu pai.

Ao assumir, em janeiro de 2017, foi tentando mudar algumas coisas e tirou poder até do seu próprio mentor, o qual foi responsável pelas articulações em 2016, loteando cargos em troca de apoio. Oficialmente deixou de fora do seu governo alguns figurões da velha política e montou sua equipe desejada com alguns novos nomes.

O VÍCIO DO CACHIMBO DEIXA A BOCA TORTA

Não demorou muito para que o promissor Léo de Neco desse seus primeiros sinais de vícios da velha política. Em julho de 2019 veio à primeira punição em decorrência do uso indevido de verbas públicas. O prefeito foi obrigado à devolver, com recursos próprios, o valor de R$ 1.237,00 (um mil duzentos e trinta e sete reais), usados ilegalmente para pagamento irregular de diária e taxa de inscrição para participação em evento promovido pela UBD – União Brasileira de Divulgação. Na época o episódio ficou conhecido como a “medalha do jegue”.

No Tribunal de Contas dos Municípios – TCM, o prefeito teve às suas três primeiras contas aprovadas com ressalvas e condenado ao pagamento de multas em todas elas por causa de irregularidades.

  • Multa em 2017: R$ 10.000,00 (dez mil reais);
  • Multa em 2018: R$ 60.600,00 (sessenta mil e seiscentos reais);
  • Multa em 2019: R$ 4.000,00 (quatro mil reais).

Além dessas multas, pesa ainda contra ele uma auditoria realizada pelo mesmo Tribunal relacionada a serviços de limpeza pública, obra de limpeza e drenagem de trecho urbano do Rio Gandu, serviços de recuperação de pontos de pavimentação. Ainda não há relatório divulgado. Também contra ele existem cinco denúncias sendo apuradas.

  • Supostas irregularidades dos recursos oriundos do FUNDEB;
  • Suposta apropriação indébita das contribuições previdenciárias descontadas da remuneração dos servidores pertencentes aos quadros do Poder Executivo repassadas, a menor ao INSS em 2017 e 2018;
  • Supostas irregularidades no Pregão Eletrônico nº 039-2019;
  • Supostas irregularidades e ilegalidades verificadas no procedimento licitatório, PREGÃO ELETRÔNICO Nº. 006/2020/SRP;
  • Supostas irregularidades as contratações diretas de bandas e shows artísticos e equipamentos para festas realizadas pelo Município no exercício de 2017 e 2018.

Também no TCM o prefeito é alvo de três Termos de Ocorrência instaurados no Tribunal.

  • Suposta irregularidades na contratação de bandas para festividade do São João e São Pedro em 2017;
  • Julgado e condenado pelo TCM por prejuízos financeiros aos cofres do município decorrentes do pagamento de multas e juros;
  • Julgado e condenado por compra de diplomas de mérito e concessão de medalhas de honra por políticos com a utilização de recursos públicos.

REPRESENTAÇÃO AO MINISTÉRIO PÚBLICO 

Já em fevereiro deste ano o Tribunal de Contas também ofereceu denúncia contra o prefeito Leonardo Barbosa Cardoso. Os conselheiros julgaram procedente o termo de ocorrência formulado contra ele, pelo pagamento indevido de R$83.360,46 em juros e multas, decorrentes do atraso no cumprimento de obrigações previdenciárias no exercício de 2019. Foi determinado uma representação ao Ministério Público Estadual para que seja apurada a prática de improbidade administrativa pelos danos causados ao erário.

INVESTIGAÇÕES DA CGU E TCE EM GANDU

Em 2019 um prenuncio de que à administração de Léo de Neco tomava o mesmo rumo das gestões do ex-prefeito Neco. À presença da Controladoria Geral da União – CGU, dava indícios de sérias irregularidades no governo. Na época à assessoria de comunicação da prefeitura chegou à emitir uma nota dizendo que tratava-se apenas de visita de rotina e que o município havia sido escolhido por meio de sorteio. Agora, quase dois anos depois, um relatório publicado pela Controladoria revela graves irregularidades encontradas em contratos envolvendo o transporte escolar e dinheiro oriundo do Governo Federal. O prefeito não se manifestou sobre o caso.

Também em 2019 o Tribunal de Contas do Estado – TCE, realizou uma inspeção nas obras de ampliação e requalificação da Feira Livre. Orçada em R$ 1 milhão de reais, à obra foi entregue com atraso e com uma série de erros técnicos. O relatório final dessa inspeção ainda não foi publicado.

DESVIO DE R$ 7 MILHÕES DO TRANSPORTE ESCOLAR

O Promotor de Justiça Rodrigo Pereira Anjo Coutinho, ajuizou, em outubro de 2020, uma Ação Civil Pública por desvio de dinheiro contra o prefeito Leonardo Barbosa Cardoso, o Secretário Mun. da Educação Wendell Leite e a empresa EMBATTUR. Na denúncia o Promotor chegou à dizer em um trecho da denúncia que “no município de Gandu tudo era possível” e que enxergava o suposto desvio praticado por Léo de Neco com aparente indignação.

Os valores desviados, segundo denúncia do promotor, seriam de R$ 7 milhões de reais.

Os documentos com às denúncias, feitas em 2018, mostram que desde 2017 o esquema para desvio de dinheiro realizou pagamentos suspeitos que vão dos quase R$ 500 mil, aos mais de R$ 2 milhões de reais. Além de condenação do prefeito Léo de Neco e do Secretário Wendell Leite, o MP pede também afastamento dos respectivos cargos públicos ocupados pelos réus, pagamento de multa e suspensão dos direitos políticos.

ABUSO DE PODER ECONÔMICO NA ELEIÇÃO 2020

Ainda sob o efeito da vitória conquistada em novembro, o prefeito foi surpreendido com uma outra grave denúncia apresentada pelo Ministério Público. O MP acusou o gestor reeleito de abuso de poder econômico na campanha eleitoral de 2020.

De acordo com denúncia, além de abuso de poder econômico, Leonardo Barbosa Cardoso, seu vice Joilson Souza Andrade, Roberto Deway Guimarães Pereira, Marcos de Araújo Costa Neto, o empresário Nelson Leite Leal e Milena Leite Leal, todos investigados na ação teriam praticado, também, gastos ilícitos em campanha.

Ainda de acordo com o Promotor, Roberto Deway e Marcos Neto são apontados como responsáveis pela distribuição de combustível para eleitores do durante a campanha eleitoral, bem como no dia do pleito, ocorrido em 15 de novembro de 2020.

CONTAS DE CAMPANHA REPROVADAS

Como se já não bastasse todos os indícios de que à carreira política de Leonardo Barbosa Cardoso sofreria sérios desgastes já nos primeiros anos, um novo baque abala ainda mais às estruturas do prefeito, que acompanha, de forma incrédula, o fim precoce do seu segundo mandato.

Uma série de graves irregularidades foram encontradas na prestação de contas de campanha do prefeito. No parecer técnico, emitido no dia 04 de fevereiro, à promotoria apontou falta de transparência na prestação de contas apresentada por Léo de Neco, “fazendo brotar a presunção de que a campanha se desenvolveu por caminhos escusosinconfessáveis incompatíveis. À Promotora chamou de ficção às contas apresentada pelo gestor.

O parecer apresentado pelo MPE relatou que às irregularidades encontradas são de natureza grave, porque dificultam o controle pela Justiça Eleitoral. “Às irregularidades na prestação de contas do candidato, que, somadas, perfazem o montante de R$ 138.740,00 (cento e trinta e oito mil setecentos e quarenta reais), que corresponde a um percentual superior a 69% do total de gastos realizados (R$199.672,20), sendo, portanto, superior a 5% permitido em lei“, relatou à promotoria.

O gestor tentou reverter à situação, mas sem sucesso.

Das ações que podem resultar no afastamento e cassação de mandato de Leonardo Barbosa Cardoso e Joilson Andrade, uma encontra-se em fase de decisão final e à outra segue em segredo de Justiça.

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